Olhamos condescendentemente para um mapa africano e do alto da nossa sapiência "decretamos" que nitidamente aquelas fronteiras são falsas e mero sub produto do colonialismo.
Há uns tempos num programa que até aprecio - "O Eixo Do Mal" - posto perante um "cenário" de maior cooperação (obvia para mim) com Marrocos, Pedro Marques Lopes fez uma cara de enjoo e perguntou (se) mas que raio vamos fazer com eles? Vender tâmaras? Por exemplo meu caro, por exemplo, mas consigo não, porque quem se acha tão superior a seja quem for, não vende nada ao pé de mim, nem tâmaras.
Como me falta a cultura que parece não faltar a gente que tal, tenho de humildemente estudar tudo o que me aparece pela frente e, se olhar para o mapa da Europa......vejo o mesmo: uma serie de negociatas entre as grandes "famílias" (só por eufemismo chamadas Casas Reais) , que ao longo dos tempos foram desenhando essas fronteiras.
Ora porque casou este com aquela para evitar uma guerra, ora porque descasou (caso mais raro e sujeito ao beneplácito do Vaticano) aquela com um outro para resolver o comércio, vamos supor, do algodão, (no século passado mais do carvão e do aço) é isso que se tem passado também na Europa, por muito que custe aos plebeus que se julgam parte dum mundo "superior".
Dividir para reinar é pois um conceito usado em seu devido tempo, mas hoje ultrapassado : é na globalização que reside a estratégia.
Se é estratégia das Casas Reais, do Capitalismo ou duns quaisquer usuários, pouco importa.
São também os filhos família dessa casta plebeia com pretensões a burguesia culta que tanto debatem a extinção das chinchilas que as mamãs usam na gola do casaco ou do gato da Birmânia, que, honestamente, não sei se chegou a existir.
A cada duas semanas extingue-se uma "língua"!
Estimam os especialistas (?) que até 2100, NOVENTA (90%) das línguas humanas terão desaparecido.
Uma língua não é um conjunto de palavras e regras gramaticais.
Uma língua é, no seu todo, uma forma de "entender" o universo.
Pessoal e intransmissível.
Daí que, dentro de menos de 100 anos, 90 % do esforço da espécie humana para "entender" o universo, vai pelo cano abaixo, em troca de mais um sucesso comercial, seja ele qual for.
Serve afinal este texto para quê?
Para exercitar os dedos e contrariar as artroses degenerativas.
Para exercitar a mente e contrariar lá o chato do Parkinson.
Para alertar.
Para alertar.
Para alertar.
E para homenagear o galego, o mirandês, o basco, o catalão, o bretão, o patuá, o gaélico, o toscano, etc, etc, etc..... e relembrar que os grandes picos culturais da humanidade foram alcançados por cidades-estado e as grandes chacinas por grandes impérios.
P.S.
A questão marroquina: não sei lá muito bem o que se passa no mundo dos cultos meu caro PML, mas no meu, dos estudiosos, olhámos uma vez para o mapa mundi na instrução primária e ficou cá. Basta-me olhar para dentro para ver que semelhante "aliança" teria, talvez, a ver com tâmaras , mas sobretudo com a, por larga margem, maior zona de pesca exclusiva do globo (praticamente um terço do Oceano Atlântico), uma tradição secular de boas relações entre comunidades piscatórias de ambos os lados, e, com muito trabalho, acredito, com o domínio absoluto sobre a entrada para o Mediterrâneo, acesso essencial...entre muitas outras coisinhas insignificantes....que fazem de si um digno herdeiro do Império Romano e de mim um mero descendente de Granada.