(Note-se, por favor, todo o teor de chibo rastejante.....)
Excelentíssimo Senhor Presidente, Excelência:
Pedindo desculpa do tempo que tomo a Vossa Excelência, vinha solicitar alguns minutos de audiência (…) Seria possível, Senhor Presidente, conceder-me os escassos minutos que solicito? (…) Acompanhei de perto (como Vossa Excelência calcula), as vicissitudes relacionadas com o Congresso de Aveiro, e pude, de facto, tomar conhecimento de características de estrutura, funcionamento e ligações, que marcaram nitidamente um controle (inesperado antes da efectuação) pelo PCP.
Aliás, ao que parece, a actividade iniciada em Aveiro tem-se prolongado com deslocações no país e para fora dele, e com reuniões com meios mais jovens.
Como Vossa Excelência apontou, Aveiro representou, um pouco mais do que seria legítimo esperar, uma expressão política da posição do PC e o esbatimento das veleidades “soaristas”.
O discurso de Vossa Excelência antecipou-se ao rescaldo de Aveiro e às futuras manobras pré-eleitorais, e penso que caiu muito bem em vários sectores da opinião pública.
Com os mais respeitosos e gratos cumprimentos,
Marcelo Nuno Rebelo de Sousa
(Cartas Particulares a Marcello Caetano, vol.2, Lisboa 1985, p.353)
NOTAS:
Na precisa altura em que este FDP, escreveu esta cartinha, estava eu metido num carro, mais outros 3 "bandidos" a caminho de Paris por se ter tornado insustentável a minha situação em Leiria: era detido e espancado numa base diária pela então PIDE-DGS, não obstante e, creio, sobretudo, pela minha perigosa idade: 15 anos.
Por alturas da Guarda, disse às luminárias do MDP-CDE que me iam transportando (por especial favor):
Levem-me de volta a Leiria.
Prefiro levar porrada e lutar, que fugir.
Já nessa altura, ainda bem antes do 25 de Abril, me foi claro que não era bem Democracia Popular que se discutia, era toda uma nova forma de redistribuição do Poder.
Que era (É) uma farsa.
MAS ESCOLHI FICAR.
É igual que me tenham dito enquanto jovem adolescente que me era proibido isto ou aquilo.
Um imbecil acabou de afirmar que enquanto cidadão me é proibido ser contra a "integração" na União Europeia.
Um imbecil, aliás, que o povo insiste em manter nos vários Poderes há muitas décadas.
Ditadura é Ditadura, venha pintada seja lá que que cor.
Não sou PS, não sou BE, não sou PCP.
Em miúdo vi crianças, iguais a mim, com fome.
MUITAS!
(E eu nem tinha muito, mas comia.)
Vi velhos a quem me apeteceu sempre ir, logo, ajudar, só de os ver naquele estado.
MUITOS!
Chorei muita vez de raiva e impotência por os "adultos" se recusarem a tomar a atitude que eu, do alto da minha pouca altura por certo, EXIGIA!
Em vão.
É esse o meu "partido".
Pelos meus 15 aninhos, já sabia muito bem que a diferença entre um qualquer Goebbels nazi ou o Che Guevara, um psicopata assassino com problemas por resolver com o "papá" é:
NENHUMA!
Mas desde sempre, desde que me lembro, que sei que não sou "isto".
Com a mesma amargura com que ainda criança vi que muito dificilmente algo mudaria para o Povo deste país que amo duma forma irracional , e se prepara para eleger "isto" como Presidente, se tornou claro que me ia ser bem difícil a vida a nível pessoal.
O Louco não sabe ser sabujo do Marcello Caetano e paladino da Democracia.
O Louco sabe que quando ganha, alguém perde e sente na alma que há SEMPRE outra solução.
O Louco sabe que quaisquer dons que a sua configuração especifica de átomos, possua, são pertença dum bem maior:
A Humanidade.
Não estão lá para me fazer mais rico, mais poderoso nem qualquer outra coisa.
Estão para ser utilizados.
Isso sim, é um principio para descobrirmos a Democracia.
JUNTOS!
Perdoai-me pois, que sou Louco:
Um Povo, uma sociedade que sanciona e aplaude, elege em ultima análise, este tipo de "gente" está doente.
E custa-me muito, sim, tenho pago caro pessoal e profissionalmente, mas cada vez entendo melhor o ódio que sentem pela paixão avassaladora pela verdade, pelo rigor no que se faz.
Mas....
Antes a Morte que Tal Sorte!