Gosto
De pendurar
Coisas
Em sítios
Insuspeitos...
Nao em paredes claro,
Nao gosto de paredes.
Muros sim, só porque se podem trepar...
E janelas também,
Porque te posso ver através d’elas!
Gostava de gostar também, diga-se!
E de gostar desse gosto!
Se pendurasse
As coisas
Em sítios insuspeitos
Talvez balouçassem
Ao vento
Eu
Ficaria a olhar
Deliciado
Gosto de movimento
E de gostar
Construtor de pontes
Sempre que te vejo
La longe
Na outra margem
Ponho mãos à obra
Já te terei dito
Que gosto
De pendurar
Coisas
Em sítios insuspeitos?
Um passo ou dois
Não são nada...
Dos dez...
Irei até aos nove...
E levantarei o olhar...
Olho-te!
Vejo-te!
Espero...
Em vão...
Sorrio...
Talvez,
Só talvez,
Não sejas
Construtor
De pontes...
Entre
Voltar para trás
Jogar-me no abismo
E nada...
Construo o que falta!
Mas...
Já não importa!
Deslumbrar-te-ás até ao nono passo,
Gabarás a construção...
E apontarás a falha no décimo pilar!