AntónioViegas
  • Home
  • Música
    • Daqui P'ra Fora
    • Uma Moeda Para O Barqueiro
    • Cegueira
    • Nem Sempre Chego
    • D'Um Rasgo D'Alma
    • Beauty... Is The Way You Are
    • As Atribulações De Um Conversador Solitário
    • A Contragosto
    • Poeira De Estrelas
    • Porque Hoje Faço Anos
    • Ser É Um Acto Isolado
    • Fresh Water And Your Eyes
    • Quarto Vazio
    • Vida, Como Areia, Entre Os Dedos...
    • Memória De Ácido
    • Caminhos de Voltar
    • Dias De Névoa
  • Palco
    • Os Olhos De Gulay Cabbar
    • The Voices In Her Head
    • The Aftermath
    • The Nightmare
    • Cognac
    • Jump-Up-And-Kiss-Me
    • Código MD8
    • Propriedade Publica
  • Blog
  • News

Em tempos de pré-campanha eleitoral... ( 2 )

2/6/2015

Comentários

 

Não sou um Vermelho, nem um Branco, nem um Negro, nem um Amarelo.
Não sou nem cristão, nem judeu, nem muçulmano, mórmon, homossexual, polígamo, anarquista ou membro de seita secreta.
Faço amor com a minha mulher porque a amo e a desejo e não porque tenha um certificado de casamento ou para satisfazer as minhas necessidades sexuais.
Não bato nas crianças, não vou à pesca e não mato veados nem coelhos. Mas não atiro mal e gosto de acertar no alvo.
Não jogo brídge, não dou festas com o fito de divulgar as minhas teorias. Se o que penso é correto divulgar-se-á por si próprio.
Não.submeto o meu trabalho às autoridades oficiais de saúde, a não ser que elas possam entendê-lo melhor do que eu. E sou em quem decide quem pode manejar o conhecimento e as particularidades da minha descoberta.
Observo estritamente o cumprimento das leis quando fazem sentido, e luto contra elas quando obsoletas ou absurdas. (Não corras já para o presidente da Câmara, Zé Ninguém, porque se ele for um homem decente faz o mesmo.).
Desejo que as crianças e os adolescentes experimentem com o corpo a sua alegria no prazer tranqüilamente.
Não creio que para ser religioso no sentido genuíno da palavra seja necessário destruir a vida afetiva e tornar-se crispado e encolhido de corpo e de espírito.
Sei que aquilo a que chamas “Deus” existe, mas de forma diferente da que pensas: é a energia cósmica primordial do Universo, tal como o amor que anima o teu corpo, a tua honestidade e o teu sentimento da natureza em ti ou à tua volta.
---

Perto de ti é difícil pensar, Zé Ninguém. 
É apenas possível pensar acerca de ti, nunca contigo. 
Porque tu sufocas qualquer pensamento original. 
Tal como uma mãe, tu dizes às crianças que exploram o seu mundo: “Isso não é próprio para crianças”.
Como um professor de biologia, dizes: “Isso não é coisa para bons alunos. O quê, duvidar da teoria dos germes do ar?” 
Como um professor primário, dizes: “As crianças são para ser vistas, e não para se ouvirem”.
Como uma mulher casada, dizes: “Há! A investigação! Eu e a tua investigação! Porque é que não vais para um escritório, como toda a gente, ganhar decentemente a tua vida?” 
Mas sobre o que se escreve nos jornais tu acreditas, quer percebas quer não.
Garanto-te, Zé Ninguém, que perdeste o sentido do que mais vale em ti mesmo. Morre de sufocação às tuas mãos, em ti e onde quer que o encontres nos outros, nos teus filhos, na tua mulher, no teu marido, no teu pai e na tua mãe. Tu és medíocre e queres continuar a sê-lo.

Perguntas-me como sei eu tudo isto? 


---
Sentes-te infeliz e medíocre, repulsivo, impotente, sem vida, vazio. 
Não tens mulher e, se a tens, vais com ela para a cama só para provar que és “homem”. 
Nem sabes o que é o amor. Tens prisão de ventre e tomas laxantes. 
Cheiras mal e a tua pele é pegajosa, desagradável. 
Não.sabes envolver o teu filho nos braços, de modo que o tratas como um cachorro em quem se pode bater à vontade. 
A tua vida vai andando sob o signo da impotência, no que pensas, no teu trabalho. 
A tua mulher abandona-te porque és incapaz de lhe dar amor. Sofres de fobias, nervosismo, palpitações. O teu pensamento dispersa-se em ruminações sexuais. 
Falam-te de economia sexual. Algo que te entende e poderia ajudar-te. 
Que te permitiria viveres à noite a tua sexualidade e que te deixaria livre durante o dia para pensar e trabalhar. Que te faria ter nos braços uma mulher sorridente em vez de desesperada, ver os teus filhos sãos em vez de pálidos, amorosos em vez de cruéis. 
Mas quando ouves falar de economia sexual dizes: “O sexo não é tudo. Há outras coisas importantes na vida”. És assim, Zé Ninguém.


---


Talvez me fosse possível respeitar-te se fosses ao menos grande quando “roubas” felicidade. 
Mas até nisso és medíocre. 
Não és ignorante, mas como o teu estado psíquico habitual é de prisão de ventre, és incapaz de criar – roubas o osso e rastejas para o primeiro buraco onde possas roê-lo em paz, tal como Freud um dia te disse. 
Atracas-te ao primeiro indivíduo generoso que encontras e suga-lo até à medula no que tenha para dar-te. 
E é a ele que chamas idiota. 
Devoras-lhe o que possa dar-te de sabedoria, de alegria, de grandeza, mas és incapaz de digerir o que dele te venha. 
Sai-te nas fezes, e o fedor que exala é pavoroso. 
Ou, para salvaguardares a tua dignidade após o que é realmente uma violação e um furto, chamas- lhe alienado, charlatão ou perverso sexual. 


(Excertos de "Escuta Zá Ninguém" de Wilhelm Reich)


Comentários

    Feed RSS


    Imagem

    Arquivo

    Dezembro 2019
    Setembro 2019
    Junho 2019
    Maio 2019
    Abril 2019
    Fevereiro 2019
    Janeiro 2019
    Dezembro 2018
    Setembro 2018
    Março 2018
    Novembro 2017
    Outubro 2017
    Abril 2017
    Fevereiro 2017
    Outubro 2016
    Junho 2016
    Maio 2016
    Abril 2016
    Março 2016
    Fevereiro 2016
    Janeiro 2016
    Dezembro 2015
    Novembro 2015
    Outubro 2015
    Setembro 2015
    Agosto 2015
    Julho 2015
    Junho 2015
    Maio 2015
    Abril 2015
    Março 2015
    Dezembro 2014
    Novembro 2014
    Julho 2014
    Junho 2014
    Maio 2014
    Maio 2013
    Fevereiro 2013
    Maio 2012
    Fevereiro 2012


    hit counter

Powered by Create your own unique website with customizable templates.