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Emprego e Trabalho

30/3/2016

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EMPREGO E TRABALHO:

Lá pelos 30 do século passado, o tão celebrado John Maynard Keynes, previu que, por alturas da viragem do século, a tecnologia teria evoluído o suficiente para, em sociedades como os EUA ou GB, se atingisse a marca das 15 horas semanais de trabalho.
Há todas as razões para acreditar que, nisso, estava certo.
Em termos tecnológicos somos perfeitamente capazes disso.
E, no entanto, não aconteceu.
Pelo contrário, a tecnologia parece ter sido usada para descobrir meios para nos fazer trabalhar mais.
Para atingir esse fim, tiveram de ser criados "empregos" que são, de facto, inúteis.
Quantidades enormes de pessoas foram assim, em particular nos EUA e Europa, compelidas a executar durante toda a vida, tarefas que no seu intimo, acreditam ser, como o são de facto, completamente inúteis.
Os danos morais e espirituais que advêm dessa situação são enormes.
É uma cicatriz na nossa alma colectiva.
E, no entanto, ninguém fala disso.
E porque será que a prometida utopia de Keynes, que parecia mesmo ao virar da esquina nos anos 60, nunca foi alcançada?
A teoria aceite nos dias que correm é a de que Keynes não teria previsto o aumento exponencial do consumismo.
Que, perante a escolha entre menos horas de trabalho ou mais "brinquedos" escolhemos, colectivamente, a segunda.
Poderia ser uma bela lição de moral, mas, basta um momento de reflexão, para ver que pura e simplesmente não é verdade.
Sim, na verdade assistimos a um aumento exponencial de novos "empregos" e "industrias", mas muito poucas estão ligadas à produção e distribuição de Sushi, iPhones ou mesmo de sapatilhas de luxo.
Portanto.....que "empregos" novos são esses então?
Um relatório relativamente recente, comparando o emprego nos EUA entre 1910 e 2000, dá-nos uma bela imagem (e há relatórios semelhantes relativos ao emprego na GB e Europa em geral) :
Ao longo do ultimo século o numero de trabalhadores afectos à industria, empregados domésticos ou ligados à agricultura caiu dramaticamente.
Ao mesmo tempo, gerentes, financeiros, directores disto ou daquilo, clérigos (isso mesmo, leram bem) , vendedores, e no geral, trabalhadores dos "serviços", cresceram dum terço para três quartos do emprego total.
Por outras palavras, os empregos produtivos foram na maior parte automatizados. (mesmo que consideremos a massa trabalhadora globalmente, incluindo a exploração massiva na India e China a percentagem total de pessoas afectas à produção continua a ser risível, comparativamente ao passado).
Mas, ao invés de permitir uma significativa redução de horas de trabalho e assim libertar a população humana para perseguir os seus próprios projectos, visões, prazeres e ideias, vimos a explosão de, não tanto aquilo a que chamamos "serviços" e sector administrativo, como o despontar de novas "industrias" como telemarketing, serviços financeiros, direito corporativo, administração hospitalar, administração académica, recursos humanos ou relações publicas.
E esse numero nem de perto reflecte a enorme massa de "trabalhadores" cuja função é apenas fornecer apoio técnico, administrativo ou de segurança para essas novas "industrias" ou, já agora, a enorme massa de pessoal auxiliar (passeadores de cães, entregas de pizza toda a noite, etc) que só existe porque os outros estão muito ocupados a fazer outra coisa que também não produz coisa nenhuma.

E é a estes que eu proponho chamar os "empregos da treta".

É como se alguém estivesse algures a maquinar empregos sem sentido só para nos manter todos a trabalhar.
E é aqui que está o mistério:
Em capitalismo é isso precisamente que é suposto NÃO acontecer.
(Já bem basta uma esquerda anquilosada a reclamar sempre o direito ao trabalho mas nunca ao descanso, ao tempo para educar os filhos).
Na verdade, temos uma larga maioria de pessoas que trabalha 40 horas semanais, grande parte das quais dedicadas a fazer o Update do perfil do facebook , e outras tarefas similares, sem que isso se note de facto na "produtividade" da empresa.
Não muito diferente, no fundo, da antiga União Soviética que resolveu o problema do pleno emprego criando uma teia burocrática em que eram precisas 3 pessoas para te venderem um bife no talho do bairro.

Ora, se isto acontece, e necessariamente com o beneplácito dos "Senhores", a resposta é não económica, por se presumir, e bem, que as grandes corporações não querem perder dinheiro com "empregos" inúteis.
É, claramente, de ordem política e moral.
A classe dominante descobriu ha muito que uma população produtiva e feliz, com bastante tempo livre nas mãos é um perigo mortal. ( Pensem no que começou a acontecer nos 60 e 70 quando esse estádio apenas se vislumbrou).
E, por outro lado, a noção que o trabalho é um valor em sim mesmo (?) e de que quem não se sujeita a uma qualquer forma de intensa disciplina de trabalho a maior parte das horas do dia, merece nada, é extraordinariamente conveniente para eles.

Voltarei ao tema.

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